Vicarious Liability
quinta-feira, julho 26, 2007
  Reflexões Ociosas
Mais uma boa dose de reflexões ociosas, numa calorosa noite de Verão em que, de forma inédita, quem vos escreve não encontrou nada de mais produtivo no vasto lote de actividades que um ser humano a fervilhar de vitalidade juvenil poderia desenvolver, a não ser manifestar na forma literária o produto de um dia de reflexão:

De um vasto oceano onírico de seguranças e certezas, a que estava habituado a crer, ficaram muito poucas, para não dizer nenhumas, no decorrer dos últimos meses. Apenas uma (grande) certeza continua presente - não careço de a referir, bem conhecida que é, de todos em geral, a minha religiosidade. E todas estas mutações da realidade abrangente a que somos sujeitos obrigam, naturalmente, a mim ou a qualquer outra pessoa sensata, a adaptações da nossa parte às novas condições reais. Tudo muda de figura quando, contudo, nos sentimos mudados de uma tal maneira que já não nos reconhecemos. Tudo muda de figura quando paramos para fazer o balanço de um ano, e constatamos que nada correu como queriamos, que ficámos aquém do que queriamos ser, que passámos ao lado do que queríamos para nós.

Foi um ano agitado, de conturbadas mudanças, umas impendendo de decisões nossas, outras fora do alcance da nossa vontade, e estas últimas, as de mais difícil aceitação, as de mais árdua conformação. Próxima Segunda-feira parto livre, mas não inteiramente satisfeito. Reconhecendo que a liberdade é o bem mais precioso que uma vida humana, qualquer ela que seja, pode ter; contudo, não deixando de constatar que se paga um preço alto e pesado, cujo peso irá variar de pessoa para pessoa, pela mesma. Preço não pecuniário, nem patrimonial - o preço talvez seja a solidão e um vazio de insatisfação. Mas concluindo, como não poderia deixar de ser, que seja qual for o preço a pagar, a liberdade ainda assim se sobrepõe a qualquer outra prisão minimamente satisfatória. Curioso dualismo este, que norteia as vidas das pessoas de uma sociedade ocidental.

No meio disto tudo, resta-me a crença e a esperança de que uma boa viagem pelos Balcãs me cure do "caos" e traga alguma ordem à bagunça em que se encontra a minha personalidade. Ordem que se preferia vir de dentro, e certamente, de cima.

Boas férias, da minha parte, a todos os leitores do Blog. Voltarei em breve, espero.
 
  "Nineteen Eighty-Four"


Numa pequena nota de antemão: quem leu o "1984" de George Orwell compreenderá a analogia presente no título.

Parece, pois, que a "Ditadura da Informação" consolidada pelo Primeiro-Ministro José Sócrates também tem as suas brechas na muralha. A corajosa jornalista da SIC foi o Cavalo de Tróia.
 
sábado, julho 21, 2007
  A Crise da Direita
Leio no DN as reflexões de Pedro Santana Lopes em torno da possível criação de uma nova força política e da crise da direita. E como nem sequer me identifico com essa área política, sinto-me completamente à vontade para deixar os seguintes comentários:

1º) Não há em Portugal (ou pelo menos não desde o 25 de Abril) aquilo a que tradicionalmente se convencionou chamar direita – e o PNR de José Pinto-Coelho é mau demais para merecer ser qualificado como partido. O que há é pessoas de direita a militar nos partidos menos ao centro do sistema. E também pessoas que não são de direita, nem de esquerda, nem de coisa nenhuma, mas vão empurradas para o PSD e o CDS porque é lá que têm “contactos” a juntar à muita vontade de fazer política…

2º) Mesmo que houvesse direita, a crise seria sempre dos dirigentes da direita, nunca dessa área política. Porque falar em crise da direita seria admitir que as ideologias e os programas partidários ainda têm algum peso no modus faciendi da actual política portuguesa. O que é um logro;

3º) Por conseguinte, o que temos é uma crise eleitoral, própria dos momentos de fim de ciclo, em que os dirigentes que “dão a cara” são de segundo nível (v. Marques Mendes, Manuel Monteiro e o próprio Paulo Portas, que não soube esperar o tempo suficiente para se “regenerar”) e não têm a capacidade de mobilização do eleitorado que é necessária para se obter bons resultados. Mas é apenas uma questão de tempo até que eles reapareçam;

4º) Neste quadro (ou mesmo que o quadro não seja este, e a Direita esteja mesmo numa crise insuperável) não me parece que a criação de um novo partido venha dar algum contributo significativo, para além de agravar a pulverização eleitoral e dificultar a formação de maiorias de governo. Mais uma vez as pessoas falam apenas em nome dos seus próprios interesses. E Santana Lopes, que anda “mortinho” por voltar ao primeiro plano, tristemente, não foge à regra…
 
segunda-feira, julho 16, 2007
  Intercalares de Lisboa em 9 considerações muito sucintas
O resultado das eleições intercalares de ontem, para a Câmara Municipal de Lisboa, oferece algumas conclusões que procuraremos tirar de forma tão objectiva e desapaixonada quanto possível:

1º) António Costa ganha mas sem especial brilhantismo. Sem maioria absoluta, sem vestígios de aclamação, e com a promessa de dificuldades nos próximos dois anos;

2º) Apesar disso (ou justamente por isso) saem derrotados os que pretendiam tirar deste escrutínio qualquer ilacção relacionada com a popularidade do Governo – maxime Paulo Portas, que não deu grandes provas da sua inteligência política ao oferecer a liderança a um teste que previsivelmente lhe correria mal;

3º) A moda das candidaturas independentes, não só veio para ficar, como parece ser uma receita de sucesso. Por um lado, Carmona Rodrigues conquista o segundo lugar, tranquilamente, parecendo não ser minimamente penalizado pelo desaire da gestão autárquica que encabeçou; por outro, Helena Roseta, ao superar a CDU e conquistar dois mandatos, institucionalizou em definitivo uma “tendência” do PS que há muito fazia barulho nos corredores. Tendência essa que promete continuar contra tudo e contra todos, enquanto não conseguir o objectivo visado: conquistar o poder interno;

4º) A liderança de Marques Mendes é fraca, o seu sentido de oportunidade não é particularmente apurado e as circunstâncias também teimam em não lhe ser favoráveis. O previsível desaire de Fernando Negrão, aliado ao resultado da candidatura independente de Carmona, mostram que as escolhas políticas de Mendes raramente são as mais acertadas e comprometem, mais do que nunca, o seu lugar de presidente do PSD;

5º) A CDU continua estática, com o peso eleitoral que lhe conhecemos na actualidade (embora longe do que historicamente representou, ainda antes de se “blindar” numa sigla que poucos sabem descodificar). Para tal, certamente contribuíu o curto espaço de tempo, incapaz de aumentar significativamente as taxas de mortalidade, para que o seu eleitorado fiel pudesse diminuir;

6º) Apesar disso, paulatinamente, considera sempre os seus resultados “positivos” e “importantes” e acredita que “consolidou” alguma coisa, embora não se entenda muito bem o quê;

7º) O estilo revolucionário de José Sá Fernandes fez sucesso nos primeiros dois anos de Câmara e promete continuar;

8º) A extrema-direita de José Pinto-Coelho avançou perigosamente enquanto que Manuel Monteiro, mais uma vez foi arrasado nas urnas, o que tornou claro um facto que só ele ainda não percebeu: que a sua carreira política já acabou há muito tempo e que todas as tentativas que fizer para prolongá-la artificialmente só tiram a dignidade aos momentos positivos que apesar de tudo teve;

9º) A abstenção reina. E não só porque é tempo de praia, porque as pessoas são preguiçosas e desinteressadas, porque dão mais valor ao futebol e às compras do que à participação em actos que podem decidir o seu destino colectivo. Sobretudo, porque a nossa classe política é apática, promete reflexões que nunca passam das noites de desaire eleitoral, e frequentemente lança candidatos (v.g. quase todos os que concorreram a estas eleições, ou às Presidenciais de 2006 – à execepção de Cavaco Silva, em quem, por acaso, até não votei) que não têm qualquer condição de desempenhar as funções a que se propõem e campanhas que são um insulto à inteligência (veja-se alguns dos slogans do PSD de Negrão que pairaram nos cartazes ao longo destas semanas);
 
quarta-feira, julho 11, 2007
  Os indepententes e os partidos
Já tinha abordado o assunto no último post sobre as eleições intercalares em Lisboa, mas permito-me agora fazer uma ou duas observações complementares.

Em primeiro lugar, o problema das candidaturas de independentes a órgãos dos poderes públicos, não é um problema de Democracia Participativa nem de abertura do poder aos cidadãos. É um problema de oportunismo político. De aproveitamento de mecanismos institucionais (que deviam estar ao serviço de uma boa causa) para fins pessoais, para se ter tempo de antena. E não consigo compreender como é que há tanta gente a acusar, com particular pertinência, a classe política, de se servir “do que é de todos para proveito próprio” que não consegue ficar no mínimo incomodado com esta realidade que nos “entra pelos olhos dentro” (com as devidas aspas, entenda-se).

Em segundo, como parece ser lógico, o divórcio entre os cidadãos e os partidos, (*) não se resolve dando espaço a quem queira prevalecer-se disso para proveito próprio. É um problema relevante nas Democracias Modernas, e que merece ser pensado com a devida atenção.

Do lado dos partidos, há a a necessária abertura à sociedade civil que tem de ser feita, a renovação (efectiva e não meramente aparente), a “moralização” do discurso e dos ritmos de acção. Por parte dos cidadãos, para além da mais que urgente educação cívica, é útil perceber-se, de uma vez por todas, que viver em Democracia não significa apenas dizer-se tudo o que se quer. Há uma repartição de responsabilidades inerente a esta Forma de Governo que não pode ser ignorada.

Diz-se muitas vezes que cada povo tem o governo que merece. Numa acepção mais voluntarista, preferia lembrar, que cada povo tem o governo que quer. O que implica, de facto, que se queira alguma coisa…
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(*) Sobre o tema, relembro um texto de 1 de Setembro do ano passado, que pode ser consultado aqui.
 
  Euromoderado
A política portuguesa de austeridade orçamental para controlo do défice público vai manter-se sem alterações apesar de a França dar sinais de algum abrandamento nesse esforço.Esta indicação foi ontem dada, em Bruxelas, pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, depois de o Presidente francês, Nicolas Sar-kozy, ter informado, na segunda-feira à noite, o Eurogrupo, de que a França poderia adiar o equilíbrio orçamental para 2012, em vez de 2010, no quadro das suas reformas que incluem descidas de impostos para impulsionar a economia e estimular o mercado de trabalho. (*)

Pois é. Informado. O verbo e o contraste das posturas dizem tudo. E tornam claro por que é que não consigo encarar os avanços da integração europeia com particular entusiasmo…
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(*) DN, 11 Julho 2007
 
  Um ano
O Vicarious Liability completa hoje um ano de actividade. Com o mesmo espírito que norteou a criação do blogue, cabe agora:
1º) Salientar a duração do projecto, não totalmente previsível face ao timing particularmente acelerado da blogosfera;
2º) Agradecer as vistas dos leitores, os comentários, as críticas e as sugestões, que serão sempre oportunos no espírito de "liberdade" e "descontracção" que pretendemos que caracterize este espaço;
3º) Destacar (e perdoar-me-ão a imodéstia) a cooperação dos autores, que, mau grado as diferenças de estilo e de perspectivas, parece ter contribuido para uma experiência interessante;
Bom trabalho a todos. Esperamos poder continuar a contar com as vossas visitas.
 
terça-feira, julho 10, 2007
  Ainda sobre os comentários ao post "A dita vergonha"
Caríssimos leitores;

O blog "Vicarious Liability" foi projectado, ab initio, para ser um blog fundado na liberdade responsável e atinente ao bom senso de quatro amigos e colegas de Faculdade, cujo talento reconhecido inter partes para a escrita, para a sátira global e para o comentário das mais diversas situações da vida corrente (e até da menos corrente, ou quiçá, abstracta), se iria manifestar. Desde o primeiríssimo post o afirmámos, portanto, quem tenha dúvidas sobre o acima disposto, tem toda a liberdade de o poder confirmar.

Como tal, e no espírito dentro do qual este blog foi idealizado e realizado, nenhum dos restantes membros censura os comentários acesos do André, precisamente porque não vemos razões para o censurar, dentro dos princípios acima mencionados. Desafio qualquer leitor que se sinta no direito de o fazer a demonstrar-me, a mim e aos restantes membros do Blog, que o André professou qualquer tipo de injúria ou desrespeito calunioso ao trabalho ou a qualquer membro da AAFDL, recordo, dentro dos princípios do Blog.

A questão é a seguinte: temos o maior prazer em que nos visitem com a frequência que os caríssimos leitores entenderem por ajustado ou prazeroso para as vossas pessoas, mas no momento em que qualquer um dos mesmos se sinta injuriado pelo que afirmemos em qualquer um dos nossos posts, concedemos, desde logo: a liberdade (óbvia e inviolável) de não mais visitarem o nosso Blog, a liberdade de se defenderem comentando os nossos posts (subscrevendo o que já foi dito pelo André, é um facto que podiamos, de todo, suprimir a faculdade aos leitores de comentar), e ainda a liberdade de o fazerem anonimamente; mas jamais a liberdade de fazerem um autêntico arrombo de mau gosto nas regras da boa educação com certos e determinados comentários anónimos que foram publicados.

Estas são as nossas regras, que, se não foram previamente afixadas (que eu saiba, ainda não chegámos a um nível associativo tal para sermos considerados uma Pessoa Colectiva que necessite de publicar os seus estatutos), passam agora a sê-lo, e como tal, esperamos que recebam o acolhimento cumpridor de todos os leitores, porque também a elas os membros do Blog se têm vinculado desde sempre. Agradecemos como tal, que a triste e desnecessária situação não mais se verifique - caso contrário, tomaremos as medidas necessárias (como já o fizemos) para repor a ordem e o respeito pelas boas condutas no nosso blog.

Atenciosamente,

Os membros do "Vicarious Liability"

PS: Numa nota muito pessoal; estudem masé para as orais, diacho. Aqui a perder tempo com isto... Valha-me Deus!
 
 
Assisto, na RTP ao debate com os candidatos à presidência da câmara municipal de Lisboa, e confirmo, que a classe política portuguesa, não peca efectivamente pela falta de “lata”. Durante aproximadamente uma hora, cerca de uma dezena de pessoas, algumas das quais (maxime, José Pinto Coelho e Gonçalo da Câmara Pereira) incapazes de conduzir um raciocínio com o mínimo de coerência, falam de “caos” a que chegou a autarquia da capital e propõem soluções.

Uma delas, Carmona Rodrigues, esteve à frente do executivo camarário que conduziu os destinos da cidade no período não particularmente de orgulho, que terminou com a convocação de eleições antecipadas. Os outros, falam serenamente dos problemas, como se tivessem aterrado naquele debate recém chegados de Marte e não fosse possível imputar-lhes qualquer responsabilidade por nada: de ex-Ministros a ex-Vereadores da CML (alguns dos quais, no último executivo) passando pelos altos dirigentes partidários.

Há ainda os rostos da persistência: Garcia Pereira (que continuará a concorrer, cada vez com menos hipóteses, a todos os actos eleitorais que se organizar), e os do “alpinismo político”, do desejo de “tempo de antena” (refiro-me aqui à arquitecta Helena Roseta, herdeira do “espírito combativo” do camarada Manuel Alegre – se bem que não dos auspiciosos 20 % que considera terem sido um grande resultado nas presidenciais de 2006 – onde foi arrasado por Cavaco Silva).

A CDU brinda-nos com o mesmo candidato que em 2005 teve um resultado morno, consentâneo com a força política do partido que representa. O respeitável Ruben de Carvalho, pachorrento, vai cumprindo o seu papel, mas continua a não convencer.

Mas o que é esta campanha autárquica nos mostra sobretudo, e com particular clareza, são os resultados práticos da “democracia participativa”, esse instituto “romântico”, que paira em alguns artigos da Constituição (e noutros tantos manuais de Ciência Política e de Direito Constitucional), à qual, de quando em vez, os Srs. Deputados se dignam a dar concretização, nas revisões constitucionais ou nas reformas do Direito Eleitoral.

É que ao admitirem-se listas de candidatos independentes aos órgãos da Administração Autárquica, não se está a facilitar a participação do cidadão comum (esse expoente da alma lusitana, que circula aos fins-de-semana nos corredores dos centros comerciais e está mais interessado no final de uma telenovela ou no resultado de um jogo de futebol de equipas da segunda divisão do que nas eleições presidenciais) no poder político. Está-se, isso sim, a garantir uma “vávula de escape”, uma última oportunidade de apariação pública às “ovelhas negras da classe política”, que depois de actuações no poder capazes de chocar a consciência moral dos seus próprios partidos (e não consta que eles a tenham especialmente aguçada), encontram um meio de ainda concorrerem a cargos públicos, e, muitas vezes, serem eleitos (v.g., Fátima Felgueiras e Valentim Loureiro e entre outros nomes sonantes).
 
sábado, julho 07, 2007
  7.7.07

O dia de hoje fica marcado por dois eventos que ficam para a história: o anúncio das novas sete maravilhas do mundo e os concertos do Live Earth.

Quanto ao primeiro evento, este perde um pouco de credibilidade só pelo facto de se realizar no estádio da Luz. Por isso, e também por incluir numa lista que pretende renovar o clássico rol de sete maravilhas dos quais só resta uma (a única que deve realmente ter existido), com monumentos tão modernos como as próprias Pirâmides de Guiza (que podem, assim, fazer a dobradinha – toma lá Grécia, com tantos monumentos não sobrou nenhum), as estátuas da ilha de Páscoa ou o Stonehenge.

Centrando as atenções no Live Earth, este é mesmo um autêntico espectáculo de luz, cor e muito som de grandes artistas musicais. No fundo, nada melhor para alertar para os problemas ambientais do que promover viagens de artistas em jactos particulares e gastar grandes quantidades de electricidade. Temos a promover o evento Al Gore, que dá o exemplo ao deslocar-se num Lexus híbrido, e destaque-se o híbrido e não o facto de, por ser de alta cilindrada, gastar mais que a média dos carros que consome apenas combustível fóssil.

Mas vamos aproveitar esta ocasião para escrever um bocadinho (não muito) a sério. Então se é quase certo que o Sahara já conteve água, inclusive sob a forma de gelo; se, na época em que os Vikings chegaram à Gronelândia, nesta abundavam terrenos propícios para a agricultura; se, mais recentemente, está a ser verificada uma regressão no buraco do ozono e o ser humano não fez nada nesse sentido, muito pelo contrário; sabendo que, nas medições feitas em Portugal, a localidade com maior concentração de monóxido de carbono é uma aldeia transmontana onde passam três ou quatro carros por dia; qual será o nosso grau de influência no clima? Foi o Homem que inventou os aquecedores na Idade do Gelo que fizeram com que esta acabasse? Não sou cientista, nem pouco mais ou menos, mas se existir uma nova era climática o que é que podemos fazer? Não será de certeza ouvir o vocalista dos Kasabian em Wembley dizer ao público para poupar energia porque ele já tentou e não conseguiu.

Ou seja, liguem a vossa televisão e até o vosso sistema de som bem alto, mandem mensagens de telemóvel para aparecer na emissão ou até nos ecrãs dos locais dos concertos, e, se tiverem tempo, viajem por todo o mundo gastando a maior quantidade possível de combustível para fazer conferências sobre o clima. Façam-no, porque se a Terra tiver de aquecer aquece (como anteriormente já aqueceu), se os continentes tiverem de se mover movem-se (como anteriormente já se moveram), se o Homem tiver de se extinguir extingue-se (como anteriormente outras espécies se extinguiram antes de nós sequer existirmos). Coisas completamente diferentes são a poluição, o desperdício de recursos não renováveis, o abate indiscriminado de árvores, e outras acções humanas que prejudicam todo o tipo de vida, animal e vegetal; essas sim, como actuações voluntárias humanas, podem e devem ser reprimidas, sob pena de diminuição irreversível da qualidade de vida para todos os seres vivos do planeta.
 

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