O dia de hoje fica marcado por dois eventos que ficam para a história: o anúncio das novas sete maravilhas do mundo e os concertos do Live Earth.
Quanto ao primeiro evento, este perde um pouco de credibilidade só pelo facto de se realizar no estádio da Luz. Por isso, e também por incluir numa lista que pretende renovar o clássico rol de sete maravilhas dos quais só resta uma (a única que deve realmente ter existido), com monumentos tão modernos como as próprias Pirâmides de Guiza (que podem, assim, fazer a dobradinha – toma lá Grécia, com tantos monumentos não sobrou nenhum), as estátuas da ilha de Páscoa ou o Stonehenge.
Centrando as atenções no Live Earth, este é mesmo um autêntico espectáculo de luz, cor e muito som de grandes artistas musicais. No fundo, nada melhor para alertar para os problemas ambientais do que promover viagens de artistas em jactos particulares e gastar grandes quantidades de electricidade. Temos a promover o evento Al Gore, que dá o exemplo ao deslocar-se num Lexus híbrido, e destaque-se o híbrido e não o facto de, por ser de alta cilindrada, gastar mais que a média dos carros que consome apenas combustível fóssil.
Mas vamos aproveitar esta ocasião para escrever um bocadinho (não muito) a sério. Então se é quase certo que o Sahara já conteve água, inclusive sob a forma de gelo; se, na época em que os Vikings chegaram à Gronelândia, nesta abundavam terrenos propícios para a agricultura; se, mais recentemente, está a ser verificada uma regressão no buraco do ozono e o ser humano não fez nada nesse sentido, muito pelo contrário; sabendo que, nas medições feitas em Portugal, a localidade com maior concentração de monóxido de carbono é uma aldeia transmontana onde passam três ou quatro carros por dia; qual será o nosso grau de influência no clima? Foi o Homem que inventou os aquecedores na Idade do Gelo que fizeram com que esta acabasse? Não sou cientista, nem pouco mais ou menos, mas se existir uma nova era climática o que é que podemos fazer? Não será de certeza ouvir o vocalista dos Kasabian em Wembley dizer ao público para poupar energia porque ele já tentou e não conseguiu.