Um Fado...
... da minha autoria. Algo que estava nos arquivos recônditos do meu "Laptop", e que finalmente, resolvi fazer ressurgir, qual continente Atlante profetizado pelo visionário Edgar Cayce! Apenas um aviso à navegação: este poema ou Fado é já algo bastante antigo, algo que o meu espírito sentiu necessidade de obrar outrora, quando as fátulas e a frivolosidade de outrém ainda me feria e trespassava como pontas de lança. Tudo isto já passou à história, fica o Fado, para vosso entretenimento. Talvez muitos de vós se revejam nele.
Um Fado...
Naquele dia em que te vi
Nem sequer me apercebi
Que o destino me traia.
Estava eu já enfadado
Da arruaça e burocracia
Que naquela secretaria
Se passava e eu calado.
Parecia até pecado,
Tu efusiva e eu pasmado
Pensando no que o destino
A nós dois reservaria.
Já nem sei o que pensei,
Se fui altivo, se te amei,
Se apenas foi ilusão
O lindo brilho dos teus olhos.
Mas mataste o meu orgulho
Fui prostrado num entulho,
Senti sede de vingança
Pela minha vã esperança.
Eis que hoje, nem te vejo
Nem te posso dar um beijo.
O fado fez-me uma rasteira
Caiu por terra a peneira.
Hoje mordo a minha língua
E provo do meu veneno
Solitário e sereno.
Desço hoje ao abismo,
De um abalo ou um sismo,
No mais fundo que encontro
Cantando este triste conto.
Só eu sei o que hoje passo,
Espero por ti com um abraço
Na noite em que o fado dite.
Diogo Pereira Nunes