Vicarious Liability
sábado, outubro 28, 2006
  Fernandus, ensifer copiae Pacis Juliae, illaqueatus cum Isabella Sciarra Camarae, mea soboles Cubae sunt

Foi o que escreveu um dia aquele que ficou conhecido para a História como Cristóvão Colombo. Mal conhecido, porque hoje se sabe que nunca assinou com esse nome mas sim “Colón” ou com o símbolo “:”, que em inglês e espanhol tem precisamente esse nome. Se fosse esta a única aldrabice a envolver este homem estava tudo bem, mas não é, e por isso não está.

Recuando alguns anos, quando ainda não havia bestsellers escritos por jornalistas famosos (sim, é mesmo o Codex 632), e autores como Mascarenhas Barreto e Luciano da Silva ainda não tinham publicado o que têm hoje, tinha eu cerca de 6 ou 7 anos de idade, fui confrontado com a hipótese de Cristóvão Colombo ser natural de Cuba. Tendo sido informado por quem fui, o meu pai, que é natural da vila de Cuba e não é particularmente versado em História ou algo semelhante, obviamente não liguei importância. Contudo, o principal argumento dessa historiadora estrangeira, creio que francesa, fazia sentido: não existia mais nenhum lugar do mundo com o nome de Cuba quando o navegador baptizou a famosa ilha das Caraíbas com esse nome; então por que raio o homem se havia de lembrar de Cuba, uma terra esquecida de um país que não era o seu, para topónimo dessa sua nova descoberta? Sim, é aceite por todos que viveu e casou em Portugal (por acaso com uma nobre portuguesa quando ele seria da plebe e italiano, mas isso são pormenores e já lá vamos), mas do Porto Santo a Cuba ainda são alguns quilómetros, e o interior do Alentejo não era de certeza ponto de passagem obrigatório para um navegador.

Uns anos mais tarde, devido ao labor dos investigadores já mencionados e outros, fico a conhecer mais argumentos, e de repente tudo bate certo; já não é só o nome comum de duas terras distantes, mas a superação de todas as fragilidades que a tese generalizada do “Colombo genovês” apresentava, resumida em três palavras: Salvador Fernandes Zarco. Entre outras evidências: é de família nobre, filho do infante D. Fernando (filho do Rei D. Duarte) e D. Isabel da Câmara (filha de João Gonçalves Zarco), o que explica o casamento com a nobre D. Filipa Perestrelo; o seu avô materno era cristão-novo, o que explica o “misterioso” conhecimento da cabala judaica, confirmando a ascendência judia; explica a sua própria afirmação de não ter sido o “primeiro almirante da família”; clarifica que a sua assinatura indecifrável era afinal a sigla SFZ; no fundo era português, o que explica o facto de nunca ter escrito ou falado (segundo os registos) italiano (nem quando comunicava com italianos), mas sempre um castelhano aportuguesado.

Hoje, foi inaugurada na vila de Cuba uma estátua, a primeira em Portugal e no mundo dedicada àquele que acredito convictamente ter sido o verdadeiro “descobridor” das Américas (sim, entre aspas, porque provavelmente os portugueses já sabiam da existência daqueles territórios, e nisso também assenta a tese de que Colón não passaria de um agente secreto que, sabendo bem para o que ia, tentou ludibriar os espanhóis). É um pequeno passo para Cuba, para o Alentejo e para Portugal, mas pode ser o início de grandes passos. Isto porque, no meu entender, a passividade das autoridades portuguesas sobre o assunto, realçando a posição que este é do domínio da História, que está encerrado, que foram terras descobertas ao serviço de Espanha e que é indiferente ao país o facto de Cristóvão Colón ser português, catalão, grego ou iraquiano, apresenta uma tremenda falha de raciocínio: estamos a falar do nascimento de uma das figuras mais conhecidas da História mundial num dos concelhos mais desconhecidos do país. Se, por causa de um fenómeno sempre questionável como a aparição de Fátima, um dos lugares mais recônditos de Portugal se tornou, em menos de um século, numa das cidades mais desenvolvidas da região e numa das localidades portuguesas mais conhecidas no mundo, então gostava de imaginar o que aconteceria a Cuba, o investimento que atrairia àquela região (e só quem a conhece percebe essa necessidade) a simples confirmação deste facto cada vez menos questionável, que já não é mera questão de fé ou pressentimento, mas de racionalidade e lógica. Não, não é indiferente a Portugal, muito menos ao Alentejo e a Cuba: Cristóvão Colom(bo) é português, é alentejano e é da Cuba, porra!

P.S.: Tradução do título: “Fernando, detentor da espada (duque) de Beja, ligado com Isabel Sciarra da Câmara, são a minha ascendência de Cuba”.

 
Comentários:
Salvador Fernandes Zarco, ou Cristovão Colombo?
É claro que era português, Alentejano e de Cuba!
Só um português de Cuba, cheio de saudades poderia dar o nome de Cuba à terra onde chegou após vários meses de navegação!
É claro que foi "enganar" os Reis Católicos e que o rei português o sabia e certamente o incentivou a fazê-lo!
Quando é que um "simples" navegador poderia discutir com o seu rei nos Paços (do castelo de S. Jorge)e sair da capital, e dirigir-se à fronteira? E com os mapas da época e as cartas de navegação debaixo do braço?
Nunca, se sobrevivesse, seria sem documentos e sem mapas!
Depois em nome dos Reis católicos fez 2 viagens de sucesso, foi aclamado herói e quando regressou da sua 3.ª viagem foi encarcerado e morreu na prisão! Porquê?
Porque os reis católicos de Espanha descobriram que ele era um simples espião, que se ofereceu para descobrir terras para a Espanha, como entretenimento, para que os portugueses tivessem tido tempo para chegar onde queriam!
Escrevia da direita para a esquerda, tal como Leonardo Da Vinci, as cartas para os seus filhos! Porquê?
Para que não descobrissem qual a sua verdadeira função!
Assinava "Cristóvão Colombo", Porquê?
Segundo alguns entendidos, esse nome significa o "enviado de Deus". Não sou entendida, não sei se era esse o verdadeiro significado do seu nome de navegador, mas acredito que sim! Acredito piamente que era Português, Alentejano de Cuba e acredito que o Mundo inteiro precisa saber isto!
Acredito que era nobre, pois só aos nobres eram confiadas determinadas tarefas, e a tarefa que foi confiada ao nosso navegador/descobridor era demasiado importante naquela época!
Marianne
 
Caro David, gostaria de fazer uma pequena correcção ao teu texto: Nas Caraíbas existem palácios dos séculos XV e XVI, (que "pararam" naquele tempo)aos quais se chamam - Palácio do Governador - Estão junto de cidades portuárias, ou nas capitais. Nesses palácios encontram-se pinturas e bustos de Cristóvão Colombo!
E na República Dominicana, em Santo Domingo, mesmo em frente à catedral de Santa Maria de la Encarnacion, a 1.ª catedral colonial, está uma estátua imponente do nosso Português de Cuba: e está a apontar o caminho dos Descobrimentos!
Marianne
 
Caro David Matos,
Lamento desapontá-lo mas essa história de Colombo em que tudo parece fazer sentido na realidade está mais furada que uma peneira velha, não passa tudo de pseudo-história.
 
Caro anónimo,
É pena que eu não consulte os arquivos com frequência, senão tinha dado uma resposta como deve ser. Fica para a próxima.
 
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