Vicarious Liability
sábado, março 08, 2008
  As Vinte Leis da Sociedade de Massas
1- A ficção e a realidade confundem-se excessivamente, de tal forma que é
difícil traçar uma linha de fronteira entre elas, saber onde termina o real e começa o imaginário ou vice-versa.

2- A aparência sobrepõe-se à substância e a forma ao conteúdo.

3- Os desconhecidos tornam-se aparentemente mais próximos, mas os próximos afastam-se uns dos outros, mergulham na sua esfera individual.

4- O sucesso não depende do talento de cada um, mas da sua capacidade para demonstrar que tem talento, mesmo que não o tenha.

5- A notoriedade democratizou-se, é acessível a praticamente qualquer um, mas desenvolve-se no imediato, tem uma duração efémera, que tende a devolver ao anonimato aqueles que em condições normais nunca deviam dele ter saído.

6- Tende a confundir-se o público com o privado e a respeitar-se pouco a reserva da intimidade, a qual em situação de colisão com o chamado interesse “jornalístico”, acaba sempre por sair derrotada.

7- A qualidade foi relegada para segundo plano e acaba por ser quase vexante para quem se preocupa em prossegui-la. Em alternativa, afirmou-se o império da quantidade e uma lógica de sucessão alucinante, que impede avaliações demoradas sobre o teor do que se transmite.

8- A palavra tem pouco valor, a sinceridade menos ainda. As pessoas gostam de ouvir certo tipo de frases, mesmo que saibam que são falsas, e invariavelmente ficam chocadas quando ouvem a verdade, ou então deturpam a verdade para que ela possa abrir portas ao mediatismo.

9- Oscila-se vertiginosamente entre o amor e o ódio, o heroísmo e imbecilidade.

10- Pensar é uma prática em desuso. É normalmente o impulso que preside às acções, ou então as orientações de raciocínio veiculadas por outrem a quem se atribui autoridade.

11- O seguidismo é condição essencial para uma boa reputação no grupo. O que está bem é aquilo que e generalidade dos seus membros faz, mesmo que muitos não entendam o por quê de o fazer.

12- A cortesia é confundida com debilidade enquanto se afirma a violência, ou pelo menos uma certa frieza nas relações com os outros, um gosto requintado pela indiferença.

13- Os horizontes de cada um começam e acabam na sua própria esfera de acção e pensamento. Por isso os interesses de grupo não só foram relegados para segundo, como pode ser bem visto prejudicá-los.

14- O diálogo é uma perda de tempo, o debate um exercício estéril.

15- As negociações ou protelam-se infinitamente porque nenhuma das partes se afasta um milímetro dos seus interesse, ou, se se encontrarem em patamares hierárquicos diferentes, acabam com a imposição ao mais fraco da vontade do mais forte.

16- Os objectivos de vida ou são exíguos, ou são de tal maneira relevantes que se considera justificável passar por cima dos outros para os concretizar de forma mais rápida.

17- Uma coisa é o que dizem na tua frente, outra é o que dizem nas tuas costas, outra ainda é o que fazem. A traição e a simpatia não são em absoluto incompatíveis. Alguém pode estar a prejudicar-te sem nunca deixar de ser deliciosamente agradável.

18- O do outro é sempre melhor que o meu e eu merecia mais tê-lo.

19- Estou disposto sempre a prejudicar o próximo. Mesmo que não ganhe nada com isso.

20- A cultura deve visar a evasão, a fuga da realidade.
 
Comentários:
para quando um post sobre o novo regulamento de avaliação, a aprovação pelo conselho pedagógico e o facto de os corredores andarem tão silenciosos enquanto se preparam as proximas eleições ?
 
Pois é, parece que o que realmente importa é a aparência e o que se tem de valor (à vista)!
Saliento as seguintes leis:
2, 4, 8, 10, 12, 16, 17, e 20.
Não é que não concorde com as outras, no entanto, considero estas mais importantes pela negativa, é claro!
Marianne
 
4, 6, 10, 11 e 13 são aqueles com que mais concordo e que penso que devem ser alvo de maior reflexão e,porque não, auxiliares de correcção de conduta individual de quem assim o necessite.
Já o ponto 19 parece-me que se aproxima vertiginosamente do exagero e, por mais desiludido que esteja com a típica sociedade de massas, não acredito em tão grande perversidade geral.

Cumprimentos.
 
Caro Fernando,

Obrigado pela visita e pelos comentários. Diria que há um certo exagero subjacente a essas "conlusões". Realmente foram escritas num momento de particular mau humor, e além disso, apesar de só agora terem sido publicadas como post, o texto não é muito recente (talvez de 2006, parece-me).
 
Tiago,

Estou a pensar fazer para breve um post sobre o acho que deveria mudar no Regulamento de Avaliação. Só espero é que o conselho pedagócio não se atencipe ao post aprovando a nova versão. E espero sobretudo que não aprove uma nova versão que consiga ser pior do que aquela que está em vigor...
 
Sim, o regulamento de avaliação quando sair, vai merecer belas dissertações...
 
Todas as leis sao importantes, umas mais que outras, daí haverem vários patamares em tudo na vida, gostamos mais de uns do que outros.

www.codificacoes.pt.vu
visitem
 
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