Vicarious Liability
segunda-feira, fevereiro 18, 2008
  Teoria da Distância
Pequeno complexo de reflexões de qualidade duvidosa, precedidas de um
título pomposo para impressionar as consciências

A distância é uma barreira menos física do que psicológica. Sei que isto não passa de um cliché, que já foi amplamente citado, enfatizado, dramatizado; imagino que milhões de pessoas já o tenham dito, ou porque o sentiram de verdade, ou porque a frase lhes pareceu interessante e profunda, ainda que friamente lacunar.Mas às vezes apetece dizer coisas que os outros já disseram, não ser criativo, repetir, repisar o mesmo assunto, esgotá-lo, e só daí partir para outro. Outras vezes sentimos que só num certo momento atingimos o nosso “significado próprio” da frase que toda a gente cita.
A distância é algo que me inquieta particularmente. Porque superficialmente pode parecer rígida, plana, fácil de exprimir em poucas palavras; mas numa visão de detalhe é supremamente ambígua.
Estar fisicamente próximo de uma pessoa não significa ter qualquer tipo de comunhão com ela, ter empatia, do mesmo modo que a informalidade, o à vontade, nada têm a ver com a intimidade, muito menos com a confiança.É possível estar-se aparentemente envolvido num determinado ambiente, participar numa conversa de grupo com algum entusiasmo, fazer observações que demonstram interesse, e ainda assim, estar-se totalmente ausente, abstraído, de fora do círculo que se criou.
Diariamente milhões de pessoas coabitam, partilham o mesmo espaço, trocam observações gentis, cooperam para realizar determinadas tarefas sem que na verdade alguma vez tenham chegado a estar próximas. Pensando que fazem parte da vida uns dos outros, raramente se apercebem de nunca passaram verdadeiramente de desconhecidos!
 
Comentários:
Pois é, estar juntos não implica estar próximos intimamente, ou ter afinidades; estar longe fisicamente pode significar estar juntinho através do pensamento.
Para se estar em sintonia com alguém não é preciso ver, tocar o outro.
Talvez fique bem aqui uma frase linda: “Quando se tem amigos verdadeiros, a solidão nem se aproxima”.
Ou outra também especial, tal como o seu significado: “Amigos verdadeiros não se separam, apenas seguem caminhos diferentes”.
Não, não estou a fugir ao tema, só gostaria de realçar que podemos estar mesmo ao lado de alguém e estarmos sós!
Quantas vezes, o nosso pensamento está no outro lado do planeta com quem realmente desejamos estar?
Conclusão: a distância física nunca é igual à distância psicológica!
Marianne
 
Eu hoje dei-te um abraço.

Beijinhos Sara
 
Já que estamos numa de Clichés lembrei-me de explorar o velho “ Devagar se vai ao Longe” Já me questionei várias vezes se realmente valeria a pena tentar socializar com as pessoas que estão próximas. Tentar estar realmente envolvido num determinado ambiente, participar numa conversa de grupo e mostrar interesse (espontâneo). Fico a pensar para quê ? As pessoas que conhecemos hoje ,com as quais lidamos no dia a dia, se te encontrarem na rua amanhã o mais certo é virarem a cara para o lado fingirem que não te conhecem. Não posso dizer que a distância seja algo que me inquieta. Já estou habituado a ela. Vivemos num tempo em que as pessoas procuram sucedâneos imperfeitos do que realmente querem: empatia, intimidade, confiança é algo que é fácil de querer... mas nunca foi tão difícil de dar. Não digo que as pessoas passem a lidar entre si de forma totalmente desprendida à semelhança de uma “puta social”. Quer queiramos ou não os outros fazem parte da nossa vida, mais que não seja à imagem e semelhança de uma pedra que encontramos no caminho. As pessoas são alegres desconhecidas porque querem! É interessante olhar para elas vê-las falar de tudo e mais alguma coisa, serem capazes de encontrar trinta sinónimos para falar do que já foi amplamente citado, enfatizado, dramatizado e no entanto não conseguirem encontrar uma palavra que seja para expressar o que as chateia. Não me parece que as pessoas sejam assim tão ingénuas ao ponto de não terem consciência do que representam para os outros. Estes criam estereótipos e a partir do momento em que se leva com o carimbo na testa já não vale a pena fazer nada ou és beatificado ou crucificado. Estás de mau humor um dia passas a ser o refilão, dizes uma piada foleira, por acaso, és o “gozão”; dizes uma caralhada és o porco... Será que não pode haver o gajo normal que por vezes está de mau humor e até diz umas caralhadas? E para terminar mais um Cliché , “a pressa é inimiga da perfeição”
 
Meu caro Roberto, lê o Sidartha, vai para o Japão ou Tibete (ou qualquer outro sítio onde tenham os olhos em bico), e medita. Depois de muito meditar, verás que afinal não é assim tão importante socializar, mas sim conheceres-te a ti mesmo. Irás encontrar um grupo de pessoas que pensam como tu (o que é complicado, pois na altura não falas com ninguém), vestes uns lençóis cor-de-laranja e passas o resto da tua vida a comer tofu com rebentos de soja (e arroz, de vez em quando, para não enjoar).

P.S: Qualquer dia escrevo outro post, quando já não estiver tão ocupado academicamente.
 
Obrigado por me teres poupado à parte arroz, tem em mim o mesmo efeito que os “Bífidos Activos”...

P.S: Achas que o Zé conhece algum templo com vista para a praia?
 
Estou a ver que és do meio fduliano. Sendo assim, é melhor não comeres o arroz...

P.S: É capaz de conhecer. Lá para os lados de Setúbal é capaz de haver alguma coisa (em último recurso, sempre tens a Costa da Caparica).
 
Ficamos à espera do novo post do André, que virá a lume depois de terminar as ocupações académicas. Por agora, este não é para levar excessivamente a sério...
 
Enviar um comentário



<< Home

Arquivos
  • julho 2006
  • agosto 2006
  • setembro 2006
  • outubro 2006
  • novembro 2006
  • dezembro 2006
  • janeiro 2007
  • fevereiro 2007
  • março 2007
  • abril 2007
  • maio 2007
  • junho 2007
  • julho 2007
  • agosto 2007
  • setembro 2007
  • outubro 2007
  • novembro 2007
  • janeiro 2008
  • fevereiro 2008
  • março 2008
  • abril 2008
  • junho 2008
  • julho 2008
  • agosto 2008
  • setembro 2008
  • outubro 2008
  • novembro 2008
  • dezembro 2008
  • junho 2009
  • Powered by Blogger