Vicarious Liability
domingo, fevereiro 24, 2008
  Teoria do Sistema
A política de culpabilização do “sistema”, auspiciosamente defendida pelo ex-presidente do Sporting, numa frase imemorial, sempre me causou e causa, alguma repulsa. Na verdade, tal não concretiza mais do que o total desvinculação do sujeito à realidade que o circunda e aos problemas de que padece, deixando-se a ideia de que estes se impõem do exterior, com força própria, contra o conjunto da sociedade frágil, pobrezinha, incapaz de os mudar.
Cabe sempre recordar, que o malfadado “sistema” não é mais do que o produto das nossas interacções colectivas, tanto no plano das acções como das omissões. Por isso, ninguém pode arrogar-se o direito de o criticar como se o visse completamente do lado de fora, e quando o faz, está, ainda que não o queira, a criticar-se a si mesmo.
Depois os “anti-sistema” são sempre uma categoria de pessoas que involuntariamente me provocam um embaraçoso sorriso. Pela forma como aliam radicalismo e pragmatismo, ideologia e conformismo, ruptura e revolução. No fundo pela forma como fazem exactamente aquilo que criticam nos outros, e sabem fruir as “comodidades” do sistema, assim que tenham oportunidade para isso.Tudo isto sem, sequer por instantes, se aperceberem de que estão a cair na incoerência!
 
Comentários:
Caro Ricardo,
não poderia estar mais de acordo no que diz respeito ao alheamento indevido do individuo crítico para com o sistema. Mas é isso que, grande parte das vezes inconscientemente, acontece. Desde o comunista (fala no típico caso português) que a tudo o dedo aponta e nada faz, passando pelo bom do padre que a todos engana (ora consciente ora inconscientemente) quando invoca a Bíblia Sagrada e gosta de dar sermões, até ao guarda prisional que por uma boa nota muito pode fazer e ainda se queixa do salário. Mas não serei também aqui hipócrita: tenho tanto o direito como o dever de apontar o dedo a mim mesmo, como crítico de um sistema (sendo que cada um concebe a sua própria ideia de “sistema”) no qual, por vezes, me deixo integrar. E quanto mais abrangente é a concepção de sistema, maior é a probabilidade de criticar actos que nós próprios tomamos.
Acho que todo aquele que crítica incorre no perigo de mais cedo ou mais tarde se rever nas suas próprias considerações. No entanto, apenas tomo como grave quem não luta por mudar e ainda pior quem não quer definitivamente mudar – porque é que me vem logo à ideia o balofo que quer a independência da Madeira? Ou melhor, diz que quer, já que a condição de região autónoma não parece ter assim tantas desvantagens. É mais um que cospe no prato onde comeu…e onde continuará a refeição.

Cumprimentos,
R_
 
Culpar os outros ou o “sistema” é sempre bom, afinal, alivia-nos da nossa própria culpa.
O pior é que todos nós pertencemos a esse “malfadado sistema”, que diariamente acusamos! Infelizmente, muitos estão à espreita e à espera para poder infiltrar-se no sistema (que criticam) e usufruir das benesses que o mesmo “oferece”!
Marianne
 
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