Vicarious Liability
domingo, outubro 14, 2007
  Por que é que o curso dos alunos que passam pelo Sistema de Adaptação a Bolonha não vai ser mais fácil que o curso do modelo antigo
Se há críticas que podem (e devem) fazer-se ao novo Regulamento de Avaliação do Curso de Licenciatura em Direito, uma delas certamente não será a de que promove o facilitismo (antes pelo contrário). E é necessário que se desmitifique urgentemente esta ideia:

1. Possibilidade de dispensa de exame escrito e exame oral (com a consequente conclusão da cadeira) em caso de se obter uma classificação igual ou superior a 12 valores em avaliação contínua.

- Alguém imagina que a partir de agora qualquer docente dá um 12 com a “facilidade” que poderia dar? Alguém imagina que os casos duvidosos (11 ou 12? 10 ou 11? 12 ou 13?) não serão decididos “para baixo”?

- Para muitos alunos, o exame escrito era uma possibilidade de subir a nota de avaliação contínua, independentemente de se apresentarem ou não a oral de melhoria. De agora em diante, têm que seguir directamente para oral. E nesta (salvo raras excepções) alguém imagina que um 12 vá muito além do 13 ou do 14? Ou que um 14 passe, com muito esforço, do 16?

- Concluir uma disciplina com nota de “aprovação” não é hoje o objectivo primordial de quem queira terminar o curso com uma média que lhe garanta oportunidades de emprego. Consequentemente, este sistema, pode facilitar (e é duvidoso que o faça) as aprovações, mas dificulta as boas notas. Porque os limites da avaliação contínua continuarão a ser o 14, o 15 ou o 16! (aqui já em casos muito raros, sendo que na verdade só conheço mesmo um!)


2. Possibilidade de continuar a realizar orais de melhoria em todas as disciplinas. (**)

- Mas terão de ser 10 seguidas num mês (Julho: a época de recurso), ie, fazem-se simultaneamente as provas referentes ao primeiro e ao segundo semestre lectivos. Ora, para além do inequívoco esforço que representa prestar 10 provas em 4 semanas, há a acrescentar que 5 delas (as das cadeiras do 1º semestre) se referem a disciplinas que os alunos já não estudam desde finais de Dezembro! (e não se argumente que podem “ir continuando” a estudá-las juntamente com as do segundo mestre, ou que uma vez estudadas, os conhecimentos ficam sedimentados);

3. Necessidade de uma participação oral de pelo menos 15 minutos por aluno

- O preceito do regulamento que alude a este ponto foi redigido de forma pouco clara. Consequentemente dá azo a mútilplas interpretações (inclui a participação “espontânea” ? ou impõe a realização de mini-orais?). E, como não poderia deixar de ser, é a interpretação de docente que é vinculativa!

- Com o peso da participação oral de tal forma sublinhado, não há ninguém que queria deixar de participar. Consequentemente, as aulas passam de dinâmicas a competitivas e o desejo de participar confunde-se com a sede de ter “tempo de antena”...


4. Manutenção dos “bónus” acrescentados à média

- Mas passa o tecto máximo baixa de 0,7 para 0,5 valores. E para quem pense que não, duas décimas podem mesmo fazer a diferença em termos de arredondamento às unidades (assim p. exº somar 0.5 a 15.9 (= 16) não será o mesmo que somar aos mesmos 15.9 0.7 (=16,6, ie, 17).

A isto acrescem alguns pontos onde os alunos que passam pelo sistema de adaptação a Bolonha saem inequivocamente prejudicados comparativamente aos que terminaram o curso no plano normal:

- A repartição das disciplinas de 5º ano pelo 3º e o 4º, implica o desaparecimento das disciplinas opcionais ligadas às pré-especializações. Consequente, não só é mais deficiente a formação que teremos – por se reduzir a um “mínimo indispensável” – como fica perdida a oportunidade de ter melhores classificações em disciplinas que supostamente corresponderiam mais às preferências e às vocações de cada um;

- A fórmula de cálculo da média muda: a média de 4º e 5º ano deixam de valer a dobrar passando todos os anos a valer o mesmo. Com isto desaparecem as possibilidades de incremento da média final de curso de que os alunos do sistema antigo beneficiavam...;


Por estes motivos, e talvez outros que neste momento não me ocorrem, não compreendo como é que se pode afirmar que o nosso curso vai ser mais fácil. Tal afirmação, para além de não corresponder à verdade, redundará (caso seja tida como válida) numa desvalorização do percurso académico (maxime: das classificações !) dos alunos que terminam o seu ciclo de estudos neste sistema de adaptação, que não posso deixar de apelidar de manifestamente injusta.
___
(**) Alterado, cfr o post de 20-Out.-2007
 
Comentários:
Bolonha não foi introduzido para facilitar, aliás, até focaste alguns dos maus aspectos do teu curso.
Todos os outros parecem mais fáceis, talvez devido à redução do tempo, no entanto, é exactamente essa redução temporária que trará as grandes dificuldades ao vosso percurso.
Alguns cursos tinham X cadeiras a dividir por 5 anos, agora têm as mesmas X cadeiras a dividir por 3! Ora, poucos serão os alunos a concluir os respectivos cursos nesses 3 anos e com boa classificação.
À primeira vista, dá a impressão de facilitar, mas não: "aperta", impõe limites mais estreitos, dificulta...
E no vosso caso a situação passa a ser dramática: começaram com o sistema antigo e agora têm de ser "encaixados" no novo sistema!
Para quem manda é fácil mudar as regras do jogo a meio, aos alunos cabe a tarefa mais dificil: a adaptação!
Boa sorte para o vosso novo percurso!
Marianne
 
Bem, eu apraz-me é ver a associação ter sido das piores que passou por esta faculdade. Fazerem festas até mais não fizeram. So souberam mesmo fazer isso. Porque mesmo após saberem que alguns alunos vão ter testes em dias seguidos indo contra o regulamento de avaliação nada fazem. Segundo consta entre alguns professores vai sair um despacho a impedir os alunos com cadeiras em atraso de as fazerem em avaliação continua mesmo que o assistente permita. Esperemos que não passe de rumor. Em todo o caso não os vejo a fazer nada.Alguns já acabaram o curso e já se estão é a marimbar para aquilo. Durante o ano só me lembro do cartaz afixado a dizer que era uma vergonha, fecharem a fac, fazerem-se ouvir nada, só no dia das eleições. Para terminar custa-me ver que antes da vitória nas eleições recebia emails todas as semanas com convocatórias para reuniões onde davámos ideias e ajudavámos a fazer algo. Ganharam e nunca mais recebi um email que fosse. Parece que ficou por ali a boa vontade.
 
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