De Novo a Integração Europeia
O que deve preocupar-nos verdadeiramente na questão do Tratado de Lisboa e na evolução federalizante da integração Europeia, não é a imagem internacional de Portugal (que não muda rigorosamente nada depois deste êxito diplomático), nem o mito dos nacionalismos perdidos.
O que deve preocupar-nos é que, a Europa que hoje existe, e, em particular, a Europa que resultará do Tratado, é uma Europa construída nos bastidores, em segredo, de costas para as populações, mais ao sabor das necessidades de protagonismo dos dirigentes políticos que dos anseios das Comunidades. É uma Europa de burocracia e de gabinetes, de conferências diplomáticas, uma Europa distante dos cidadãos e de legitimidade democrática difusa. Que suportará, a prazo, as consequências inerentes a todos os grandes projectos conduzidos com precipitação.
A Comunidade Europeia constituída pelo Tratado de Roma, a primeira grande união de países do velho continente genuninamente nascida de um projecto de paz, se insistir em enfiar a cabeça na areia e passar indiferente às suas próprias contradições, arrisca-se a ser a causa de conflitos e tensões sociais agudas, do emergir dos Nacionalismos de extrema-direita e do agravar do fosso (cada vez mais distante) entre eleitores e eleitos, políticos e comunidade, que já vem caracterizando as Democracias Representativas Modernas.
Ao contrário do que supôs Fukuyama, a História não pode chegar ao fim, porque os protagonistas do presente insistem em não aprender com os erros que os seus antecessores cometeram no passado. E a Europa do Tratado de Lisboa, não está a contar com uma uma ideia elementar, particularmente nítida no seu passado recente: a de que qualquer projecto político (mesmo os Totalitarismos munidos de aparelhos repressivos especialmente refinados), só subsiste em dialéctica com a Comunidade.
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Cfr, a este propósito, mas mais interessante e irónico, o artigo de opinião de Pedro Lomba no DN desta quinta-feira.