Em Portugal atribuir um nome original a uma criança. Quando alguém, por originalidade, falta de gosto, ou mesmo ódio pelo recém-nascido, decide atribuir um nome mais ridículo (ou, se for rico, sui generis), este é submetido à apreciação da Conservatória dos Registos Centrais, e esta decide se deve ser aprovado ou não - os resultados são divulgados ao público nas respectivas listas dos links. Hão-de estar escritos os critérios, onde não me lembro, mas devem ter em conta a grafia, o som, e o estatuto social da família – só assim se explica, por exemplo, que Acúrcio não seja admitido, mas Acúrsio seja (e acabámos de tirar muitas dúvidas aos estudantes de História do Direito, que assim já sabem como escrever correctamente o nome do jurista medieval). Aconselhamos pois que carreguem nos respectivos links para as listas, tanto de admitidos como não admitidos, e depois digam-me mesmo se não há pais que não gostam dos filhos. Isto no Brasil já não é assim, por isso é que temos Liedson, Deivid e Laionel a jogar futebol por aí.
Na Suécia o esquema é parecido ao nosso, o que causa transtorno a muita gente. Como tal, foi grande o meu espanto quando soube que os suecos Michael e Karolina Tomaro quiseram e conseguiram, depois do veredicto do tribunal em Gotemburgo, dar à sua filha o primeiro nome Metallica. Atenção, eu acho que o nome é bonito, e gosto particularmente da banda, ao ponto de pagar 40 euros para os ir ver amanhã ao vivo, mas convenhamos que não era nome que daria à minha filha (até porque cá não posso). De qualquer maneira já existia uma mulher na Suécia que tinha Metallica como segundo nome, o que facilitou a vida ao casal. Totalmente diferente foi a cruzada de uns compatriotas dos Tomaro que baptizaram o seu filho com o sugestivo nome de Brfxxccxxmnpcccclllmmnprxvclmnckssqlbb11116 (mas não se assustem, segundo os pais pronuncia-se Albin) e não foram bem sucedidos, vá-se lá saber por que razão.
Para concluir, resta apelar aos futuros pais que consultem a lista de não admissões, para clarificarem que não podem ser assim tão cruéis para os vossos filhos: umas palmadas de vez em quando podem magoar, mas também podem ser pedagógicas; o que é certo é que uns dias depois a dor passa, mas o nome acompanha-os até ao fim das suas vidas (vide António Menezes Cordeiro)