Vicarious Liability
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
  O pós referendo com uma semana de atraso (*)
Uma semana depois do referendo à IVG, momento que alguns consideraram de viragem na sociedade portuguesa, se pensarmos calmamente no que é que de facto vai mudar, corremos o risco de ficar desiludidos. É claro que o “sim” foi um resultado importante, que pode ser um primeiro (e só o primeiro) passo no combate ao aborto clandestino. Mas não menos verdade é que, mudanças muito mais significativas já se fizeram de modo mais discreto. Mais do que um factor de mudança social, o resultado do referendo à despenalização do aborto foi uma manifestação do sentido de oportunidade política de José Sócrates, - (*) que de facto, têm razão os leitores mais atentos, não me contagiou! - e mais um trunfo a somar à colecção dos que tem conquistado nestes últimos dois anos. É o primeiro-ministro quem verdadeiramente pode respirar de alívio. E não consta que precise de fazer nenhum aborto.
 
Comentários:
Sinceramente, o governo tem feito tantas alterações, sem pedir licença, antes pelo contrário, tem imposto tudo contra todos! Não quer saber de pedidos, de manifestações, de greves...
Por isso, penso que se gastou dinheiro para convencer os portugueses pelo sim, ou pelo não, sem necessidade: Bastaria o governo dizer sim!
Esse dinheiro poderia ter sido gasto em coisas realmente úteis para o país!
Também não percebi bem se o Sócrates estava a favor, ou contra o aborto.
Se simplesmente quis lavar as mãos desse assunto tão polémico, ou se quis verificar se os portugas estão com ele!
É certo que ele não vai precisar de abortar, mas se as mães de muitos que o rodeiam tivessem abortado, isto estaria melhor!
Marianne
 
Mais um triunfo para Sócrates? Mas qual triunfo?

Perdeu autárquicas, onde levou um banho, e Presidenciais, onde se remendou, pois o Cavaco é um lambe-botas alinhado com o poder eternizante do bloco central.

As Legislativas de 2005, ganhou-as a comunicação social e o PSD Cavaquista, na campanha vergonhosa que fizeram contra Santana Lopes.
 
Não me referi a triunfo (embora nesse sentido também o tenha sido) mas a trunfo. No sentido em que o poderá utilizar (como dividendo político) nas próximas eleições legislativas, sobretudo para o eleitorado mais à esquerda que é aquele que terá + dificuldades de captar (conseguiu pacificamente promover a alteração que há anos mta gente reclamava).


Quanto a triunfos, teve alguns. Este sem dúvida, ter levado a melhor em alguns braços-de-ferro com os chamados "grupos de pressão" e o balanço positivo das receitas arrecadadas pelo Estado recentemente anunciado. Terá vitórias mais significativas se conseguir cumprir os objectivos do PEC, se se virem resultados expressivos no programa de modernização da Administração Central do Estado (o vulgo Simplex, que, até agora parece não ter tido grande impacto), se conseguir aumentar o investimento e um crescimento económico mais ambicioso. Claro, para não falar da diminuição do desemprego (mas essa é consequência lógica da desejada "retoma"). Mais do que tudo isso, e como vivemos todos mais de aparência do que de conteúdo, Sócrates tem um "estilo" que convence. E a prova disso é o seu prolongado "Estado de graça", mau grado ter tomado um conjunto de medidas unanimemente tidas como impopulares (exº aumentar os impostos, nunca agrada a ninguém!).


Quanto às derrotas, é liquído das Autárquicas, não tanto as presidenciais. Acreditas mesmo que Sócrates preferiria ter como PR Mário Soares ou Manuel Alegre?
 
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