Vicarious Liability
quarta-feira, novembro 08, 2006
  Marceneiro, que saudades...

Mocita dos caracóis

Não me deixes minha querida
Não ouves os rouxinóis
A cantarem como heróis
A história da nossa vida

Se abalares da nossa herdade
Os teus encantos destróis
Irás atrás da vaidade
Que a moda lá na cidade
Não tem desses caracóis

Teu cabelo é lindo e loiro
De caracóis verdadeiros
Na cidade esse tesouro
É comprado a peso d'ouro
Nos grandes cabeleireiros

A tua saia redonda
Bordada de gerassóis
P'ra tua escultura bonda
Serei sempre a tua ronda
Mocitas dos caracóis

Dá-me a tua mocidade
Que eu dou-te a minha depois
Não queiras ir p'rá cidade
Porque eu morro de saudade
Mocita dos caracóis.

Letra: João Linhares Barbosa
Música: Alfredo Marceneiro
 
Comentários:
Há fados lindos, não há? E alguns "tocam-nos" bem no fundo!
Há fados para todos os estados de alma: tristes, nostágicos, alegres, fúnebres, amores alcançados, destroçados, traídos, outros cantam as cidades (como Lisboa, a mais cantada entre todas as cidades!)
É no fado que a palavra saudade encaixa melhor!
Gosto de alguns fados, mas nem sempre eles são uma boa companhia!
Alguns poemas e alguns fadistas merecem a nossa veneração e gostaria muito que o nosso fado tivesse fadistas ao longo dos tempos!
Desculpa, o que vou dizer a seguir, acho que tens idade para gostar dos poemas, dos fados, dos fadistas, no entanto, não tens idade para focares tanta vez este aspecto nostálgico - tenta apresentar algo mais alegre. O nosso cérebro também vive de coisas boas e alegres. O nosso cérebro também precisa de "alimento" para o futuro (já sabemos que não vai ser bom, mas poderemos tentar alegrá-lo!)
Um pouco de óptimismo faz sempre bem!
Marianne
 
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