A Segunda Volta
Lula da Silva com o então Governador de S. Paulo, Geraldo Alckmin e o Prefeito José Serra. Serra foi o adversário de Lula na segunda volta das Presidenciais de 2002, também pelo PSDB, e era apontado por alguns comentadores como o «delfim» do Ex-Presidente, Fernando Henrique Cardoso. Já Alckmin, o grande resistente social-democrata depois da pesada derrota de há quatro anos, é considerado uma figura "não particularmente da simpatia pessoal" de FHC . Resta acrescentar que, ideológicamente, o governo de Fernando Henrique e o próprio PSDB, se encontram (ou encontraram) na esteira da chamada «Terceira Via» (ou centro-radical) teorizada por A. Giddens. Daí que no Brasil se debata apaixonadamente se é um partido de esquerda ou de direita.
Com cerca de 48% dos votos (portanto, abaixo do limiar da maioria absoluta), o Presidente Brasileiro, Lula da Silva, foi ontem empurrado para uma segunda volta, a disputar com o social-democrata Geraldo Alckmin, candidato do partido do anterior Chefe de Estado.
Ao que parece, o eleitorado de S. Paulo, onde se situa grande parte da parca classe média do Brasil, num perímetro urbano também marcado pelos sectores da indústria e dos serviços, terá sido o grande responsável pela não recondução do PR logo na primeira volta, revelando uma sensibilidade, não prevista pelas sondagens, aos escândalos mediáticos que marcaram o mandato e a imagem de Lula.
Agora que os dois candidatos, à esquerda e à direita, estudam as possíveis alianças, os apoios no “segundo turno”, pode dizer-se que se avizinha uma disputa eleitoral acesa.
Assim, da luta justa, esclarecedora e transparente que prometeu o Presidente – dispondo-se agora a ir a debates, com a “humildade democrática” que a vantagem nas sondagens e os ares do Planalto lhe parecem ter tirado na primeira volta – não se encontrarão certamente muitos vestígios.
Costuma dizer-se que, numa batalha férrea, em que nenhum dos adversários está disposto a abdicar do motivo da disputa, “vale tudo menos tirar olhos”. Dados os particularismos do clima eleitoral brasileiro e as circunstâncias excepcionais que o actual momento político encerra – contra tudo o que se previa, Alckmin conseguiu forçar uma segunda volta, e por isso, está menos disponível do que nunca para deixar passar a oportunidade de se tornar Presidente da República -, diria que, no próximo turno das Presidenciais brasileiras, certamente que nem essa limitação será respeitada.