Dos interesses de classe e do Interesse de Estado - momento de utopia política
Em todas as sociedades humanas existiram classes ou pelo menos grupos demarcados (se preferirmos uma perspectiva sociologicamente mais rigorosa) em função de certas características particulares, dum estatuto próprio e dum dado papel na Comunidade global.
Com a convivência diária, a interacção, esses grupos desenvolvem interesses próprios, que são partilhados por todos os seus membros e se afirmam por vezes tão ou mais relevantes que os interesses individuais.
Estes interesses de grupo ou de classe, legítimos e tão antigos como o próprio Homem, coabitam e partilham o seu espaço com as necessidades individuais e com o «interesse de Estado», que é, por definição o mais relevante dos três, por espelhar o bem-estar do “todo” e não o reduzir a uma dimensão meramente singular ou corporativa.
Com efeito, se numa sociedade livre se espera e tem como justo que cada um defenda os seus interesses individuais e os interesses da sua classe, ao Estado, cumpre zelar pelo interesse público, e se preciso for, forçar cedências no conforto individual de alguns ou de certas classes para que o “todo” possa surgir reforçado e em posição de maior equilíbrio.
Esta é a mensagem principal que os portugueses têm de reter se desejarem governar-se melhor e forjar um Estado verdadeiramente justo e esclarecido. E era importante que a retivessem depressa, para que não vejam nos poderes públicos potenciais inimigos, mas antes agentes representativos da identidade global, supostamente investidos na missão de servir o bem-comum.