Das colocações no Ensino Superior Público - o caso concreto da FDL
Tem-se dito e escrito muito sobre as médias reduzidas com que alguns alunos são colocados em cursos do Ensino Superior Público, e a blogosfera afecta à FDL, lamentou nos últimos dias a classificação final de cerca de 11 valores, do último colocado naquele estabelecimento de Ensino na primeira fase do concurso nacional de Acesso ao Ensino Superior deste ano.
Invocou-se perda de prestígio da faculdade, descrédito, redução dos níveis de exigência e qualificação, prejuízo para a imagem dos futuros licenciados pela faculdade, entre outros aspectos na mesma linha.
Partilho naturalmente das preocupações demonstradas. No caso concreto da FDL, até porque, futuramente, também terei de me servir do referido “prestígio” dos licenciados pela academia. Mas, ainda assim, parece-me que devemos encarar a questão com serenidade.
Baixar o nível de exigência para as colocações no Ensino Superior não significa necessariamente baixar também os critérios de avaliação dos alunos desse mesmo patamar da Escolaridade, depois de frequentarem os respectivos cursos. E é esse nível de exigência (esse, e não o que existiu no Secundário) que assegurará a formação de profissionais qualificados, fará a distinção entre os que têm condições para prosseguir no curso e os que apenas lá foram colocados, manterá a imagem das instituições de Ensino.
Depois também não é inquestionável que um aluno razoável no Secundário não ultrapasse esse patamar no Ensino Superior ou que todas as classificações baixem e permaneçam sempre a esse nível: mais uma vez, no caso concreto da FDL, pude observar que, se quem trazia médias entre os 18 e os 20 valores passou para o patamar dos 14-16 e quem vinha nesse patamar desceu para os 12-14, também muitos alunos com médias de secundário a rondar os 12 e os 13 valores conseguiram desempenhos muito semelhantes. Ou seja, para além do “historial de estudante” e da adaptação ao novo sistema de avaliação, o sucesso pode depender também dum maior empenho ou duma maior identificação com as disciplinas estudadas, porventura não revelados noutros níveis de ensino.
É preciso, pois, que o susto não nos faça perder o rumo.