Das Férias ao Carpe Diem, ou De como tentar divagar para encontrar um tema sobre o qual escrever sem ser (muito) chato
Diversos momentos do ano estão carregados de algum simbolismo: as férias, o Natal, o dia do nosso aniversário, a passagem de ano…
Sobretudo entre o primeiro e o último parece-me poder estabelecer-se um paralelismo interessante. Não só porque nestas épocas, normalmente aproveitamos para “fugir para os destinos exóticos” (enfim, uns mais do que outros mas o desejo mais ou menos enraizado vai nesse sentido), para parar, fazer qualquer coisa de diferente, mas sobretudo porque levamos o ano inteiro a planear como será esta altura, a seleccionar o que gostaríamos de fazer, onde gostaríamos de estar e com quem.
Umas vezes os planos cumprem-se (total ou parcialmente), outras não. Mas o mais curioso é o tempo que passamos a planear tão poucos dias, e depois a correria que nos impomos para os aproveitar ao máximo.
Grande parte da nossa vida é gasta a planear o futuro, a traçar objectivos, assinalar metas, definir métodos de lá chegar, delinear planos de contingência para evitar as contrariedades, sem que, tal como com as férias ou com o ano Novo, saibamos se alguma vez esse futuro se vai realizar, tenhamos alguma certeza, estejamos seguros de que não gastámos excessivamente energias a gizá-lo, que não desperdiçamos muito do “hoje” em função do “amanhã”, com toda a carga de incerteza que ele comporta.
A dúvida é tudo o que o futuro nos pode garantir, e ainda assim, empenhamos grande parte das certezas de que dispomos para poder moldá-lo, porque na incerteza tudo é possível, existem poucos limites, e no presente cada um já sabe demasiado bem até onde pode ir, quais são os obstáculos que o constrangem.
Como alternativa temos o «Carpe Diem», mas duvido que possa conseguir retirar algum sentido da vida alguém que a deixa passar por si em vez de passar por ela, que a contempla não a “agarra”, que não manipula o futuro porque está demasiado preso ao presente e à torrente que o arrasta de modo imparável.
Como as férias ou a passagem de novo, tão importante como viver a vida é planeá-la. E duvido que alguém consiga encontrar um bom pretexto para permanecer nela se de repente ver esgotados todos os horizontes.