Agatha Christie
Agatha Mary Clarissa Miller (conhecida universalmente como “Agatha Christie”,) é um dos maiores génios da ficção policial.
Nasceu em Torquay (Devonshire) em Inglaterra, em 1890, filha de uma inglesa e do americano Fredercik Miller, facto que não impediu que a sua educação se desenvolvesse de harmonia com os valores tipicamente britânicos – de pendor vitoriano –.
Passou a infância em Devonshire, cenário de muitos dos seus livros e cedo adquiriu o gosto pela literatura, travando contacto com autores como Charles Dickens, Jane Austen e o próprio Conan Doyle, cuja personagem Sherlock Holmes terá servido de inspiração para a futura carreira literária. Cedo revela também interesse pela música, e chega a estudar piano e canto em França.
Os pais desejavam transformá-la numa pianista ou numa cantora lírica de sucesso, mas a vocação para a criação literária, que a acompanha desde cedo, começa nesta altura a impor-se.
Em 1915, com apenas 25 anos, casa-se com um militar de prestígio, o Coronel Archibal Christie, do qual adopta o sobrenome com que assinou todos os livros.
Entretanto, a Europa vivia a I Grande Guerra que começara no ano anterior, e na qual a Inglaterra participava intensamente ao lado da “Tríplice Entente” (juntamente com a França, a Rússia, Portugal e mais tarde os EUA que entraram no conflito perto do seu termo). Animada pelo fervor patriótico, Agatha inscreve-se como voluntária no Exército da Cruz Vermelha, e trabalha como enfermeira, experiência que lhe permite conhecer algumas espécies de drogas e venenos, um elemento frequentemente utilizado nas suas obras.
A estreia na ficção policial acontece em resposta a um desafio: a irmã, conhecendo o seu interesse fervoroso por Conan Doyle e os contos e poemas que escrevera em toda a infância, estimula-a a criar uma história policial coerente e repleta de suspense, em que fosse impossível ao leitor conhecer a identidade do assassino antes do desfecho. A tarefa é bem sucedida e surge O Misterioso Caso de Styles tendo como protagonista Hercule Poirot, o intuitivo detective da polícia belga, que viria a celebrizá-la.
Em 1926 separa-se do primeiro marido e lança O Assassínio de Roger Ackroyd o seu primeiro grande sucesso de vendas. Depois disso a própria autora desaparece misteriosamente e deixa pistas confusas que deveriam indicar o seu paradeiro. Este episódio, ainda hoje muito discutido, tem-se entendido frequentemente como um expediente mediático que utilizou para despertar interesse e firmar definitivamente uma carreira que começara de forma tímida.
Mas, quatro anos mais tarde, quando se casa novamente era já uma romancista consagrada! O segundo marido, Max Mallowan, um arqueólogo professor da Universidade de Oxford, viaja frequentemente em expedições arqueológicas, especialmente ao Oriente. Agatha que o acompanhava, encontra aqui inspiração para muitos dos seus livros, de que se destacam Morte no Nilo, Intriga em Bagdade, ou Um Crime no Expresso do Oriente, uma das obras mais singulares da ficção policial, e objecto de múltiplas adaptações para cinema e televisão.
Escritora de sucesso, para além de Poirot, criou várias personagens inesquecíveis como Miss Marple, Tuppendence e Tommy, Batlle, Ariadne, ou ainda a sensacional Miss Jane Marple profundamente conhecedora da natureza humana.
Em todas as histórias perpassa uma atmosfera de suspense entrelaçada de factos, pistas e indícios, que orientam e confundem o leitor da primeira à última página. Um raciocínio dedutivo, coerente, metódico e organizado e um invulgar capacidade de abstracção e conhecimento da psicologia do comportamento, permitem aos protagonistas das suas histórias reconstruir a teia de acontecimentos que envolve o crime, o seu móbil e chegar à identidade do assassino, partindo de pequenos aspectos que à generalidade dos outros intervenientes passaram totalmente despercebidos. Este é normalmente uma personagem insuspeita e de pouco relevo, cuja ligação à acção central parece difícil de estabelecer.
Agatha Christie faleceu em 12 de Janeiro de 1976.
Os seus mais de 80 livros são um enorme êxito de vendas em quase todos os idiomas para os quais foram traduzidos, consagrando-a como a maior romancista policial e assim superando o génio de Sir Arthur Conan Doyle que desde cedo lhe servira de modelo.