Por mais Dois Anos
O seleccionador nacional de futebol, Luiz Felipe Scolari, anunciou ontem a sua intenção em renovar o contrato com a FPF e assim permanecer no comando técnico da equipa nacional, pelo menos até 2008, data do próximo Campeonato da Europa.
O futebol não é claramente um dos meus temas de eleição, também não é daqueles sobre os quais me sinta mais confortável para falar (daí os comentários eminentemente concisos, superficiais, por vezes pouco críticos), mas penso que o tema merece de facto uma observação.
Num país onde a crítica prima sempre sobre o elogio, ou pelo menos é feita com mais convicção, não nos devemos furtar a fazer referências positivas, sempre que elas se justifiquem. E no caso de Scolari, parece que elas são absolutamente adequadas.
Argumente-se que aquilo que conseguiu não é nada de relevante para o desenvolvimento do país, que ficou muito aquém das expectativas ou que trabalha apenas por uma recompensa financeira considerável (e aqui, gostaria que os críticos me apresentassem exemplos de pessoas que não o façam), mas é inegável reconhecer-se que, em 3 anos, conseguiu resultados muito agradáveis para o futebol português: o primeiro título de vice campeã da Europa para a equipa sénior (decorrente da participação na final do EURO 2004), o segundo apuramento consecutivo para a fase final de um Campeonato Mundial de Futebol e o quarto lugar no Mundial da Alemanha, modesto se olhado por um prima meramente comparativo, mas provavelmente positivo se entendido como corolário de um conjunto de exibições seguras, contra equipas muitas vezes técnica e mediaticamente melhores que a nossa.
Depois, naturalmente teve o mérito de unir os portugueses, essa tarefa hercúlea que há muitos anos a nossa classe política tenta – para causas bem mais relevantes – mas que, a não ser para torcer no futebol, até agora esteve sempre muito longe de conseguir.