Vicarious Liability
quinta-feira, maio 31, 2007
  Now, for something completely different...

Temos artista, caros leitores. Sem qualquer intenção propagandística, decidi colocar aqui um exemplar da arte de Luís Baldini, um amigo pessoal meu, cujas produções no campo do desenho são bastante do meu agrado. Isto é apenas uma amostra do que este talento "underdog" tem para oferecer. Poderão conferir o resto aqui.
 
quarta-feira, maio 30, 2007
  Impacto da greve geral nos camelos públicos
Um amigo meu, cujo nome (Alexandre Silvestre) não revelo para não ser identificado no seu local de residência (Palheirão, Moita) nem na sua faculdade (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), impedido de se deslocar ao local onde arduamente completa os seus estudos, devido a esta greve geral, enviou-me uma foto sua (em baixo), alusiva à paralisação dos transportes públicos que utiliza no seu dia-a-dia.

Confirmamos o estado de degradação em que se encontra o sistema de transportes da Península de Setúbal, e assim damo-lo a conhecer a quem não tem noção da gravidade do problema, que não se resolve com uma simples alteração de logotipo. As greves gerais apenas agravam as dificuldades já sentidas pelos utentes.

 
terça-feira, maio 29, 2007
  'Nuff Said.
Um dos muitos Outdoors lançados pela Distrital da JSD Setúbal

Palmas para a Distrital de Setúbal da Juventude Social-Democrata por tão recente manifesto estrondoso de descontentamento para com as palavras do Ministro Mário Lino, que, aliás, consegue aliar ao carácter estrondoso do presente "outdoor", uma pequena pitada bem picante de humor negro, bem ao estilo dos Gatos Fedorentos.

Acho que isto era o que faltava, por parte do nosso blog, que, como já foi dito antes pelo meu colega David, conta com 4 residentes nesta tão bela terra, que em nada se assemelha a um deserto, e que de resto, constante da minha pessoal opinião, apresenta melhor qualidade de vida que qualquer subúrbio da margem norte... Garantidamente.

Será um deserto, talvez, se o Sr. Ministro quiser considerar as paisagens rurais que ainda subsistem à urbanização descontrolada e en masse como tal, em contraste com a selva de betão da margem norte, que cerca qualquer visitante por cada um dos quatro ponteiros da rosa dos ventos. Declarações muito infelizes, que constituem, no mais, um verdadeiro insulto a todos os que vivem cá, seja por empréstimo curto, duradouro, contrariado ou não, ou por herança familiar.
 
segunda-feira, maio 28, 2007
  Não, não fomos levados por nenhuma tempestade de areia
Prefácio
Pedimos desculpa pelo longo espaço de tempo sem escrever, no deserto é difícil apanhar um sinal de Internet conveniente. Como tal, escrevi este longuíssimo post com muito pouco interesse, o qual aconselho que a leitura seja efectuada em três ou quatro dias, para terem sempre algo novo enquanto não escrevemos. Para facilitar, dividi-o por tópicos.
Considerações sucintas iniciais
Primeiro, penso que já estava na altura de alguém escrever. Segundo, já estava na altura de alguém escrever sobre isto. Podia ser qualquer um dos meus eloquentes colegas, que de uma forma ou de outra estão ligados a este território, um por empréstimo temporário, outro por empréstimo de longa duração ainda que contrariado, outro por transferência de carácter duradouro. Ainda assim, tem toda a lógica que seja eu, nascido, criado, residente presente e (se depender apenas de mim) permanente deste território, no qual dificilmente encontro alguém que o conheça melhor que eu – humildade nunca foi o meu forte, mas é a realidade.

Questões terminológicas
Margem sul tem origem em tempos tão remotos que nem me dou ao trabalho de investigar quando, onde, como, porquê e por quem. Contudo, variações linguísticas de um passado muito recente amplificaram o âmbito de aplicação do conceito. Referia-se com naturalidade a margem sul para designar, grosso modo, os concelhos de Almada e Seixal, na sua grande maioria dormitório da cidade de Lisboa; essa designação era extensível aos habitantes dos outros concelhos, pelo que era raro alguém do Barreiro, Moita ou Montijo dizer que morava na margem sul, e frequente dizer que ia à margem sul quando ia àqueles dois concelhos.
Actualmente, (e sobretudo desde a existência da ponte Vasco da Gama que transformou o Montijo numa cidade de facto, treze anos depois da sua declaração de jure, e fez de Alcochete alguma coisa, já que antigamente não era nada) margem sul designa, de forma mais ou menos pacífica para os não residentes, o território dos nove concelhos da Península de Setúbal. Foi neste último sentido que o ministro utilizou a expressão.

O deserto
Esta expressão é mais habitualmente utilizada para designar o Alentejo, por razões óbvias: todos os camelos passam por lá para ir para o Algarve, incluindo aqueles que já me perguntaram se o Alentejo tinha praias (sem comentários). Adoptado este critério, com a quantidade de pessoas da margem norte que passam pela Península com destino ao Sul, pode dizer-se que sim, no Verão há uma afluência invulgar de camelos.
Sinto-me um bocadinho aborrecido, tanto com a ignorância como com a observação do ministro, não tanto pela afirmação em si, mas pelo contexto. O que é que a Ota tem a mais do que as zonas propostas para o aeroporto aqui deste lado? Algumas coisas, provavelmente, mas não hão-de ser grandes hotéis, boas escolas nem modernos hospitais. Rio Frio, Poceirão (ambas do concelho de Palmela) e Faias (concelho do Montijo) são localidades com poucos habitantes, não estão bem servidas de infra-estruturas, mas adequam-se ao meio rural em que se inserem; pelas mesmas razões, deve também assim qualificar-se a Ota, para quem não sabe freguesia do concelho de Alenquer com menos de 1500 habitantes (se dúvidas restarem, basta dizer que fica perto da freguesia de Meca, querem mais deserto que Meca?).

Conclusões finais
Querem um aeroporto gigantesco, logo tem de haver espaço. Mas querem o aeroporto onde haja hotéis, escolas e hospitais, que ocupam espaço. Se calhar é melhor fazerem um aeroporto mesmo em cima desses edifícios, mesmo no centro de Lisboa; isto sim, é um desafio para um verdadeiro engenheiro, o que pelos vistos vai ser difícil de arranjar neste governo.


 

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